O Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial do Paraná ― CONSEPIR ― e a União Cigana do Brasil, lançou uma campanha publicitária MUITO LINDA para combater o racismo. A realidade cigana, que já é bastante dura em tempos comuns, torna-se ainda mais desafiadora em tempos de pandemia. Em algumas regiões do país, famílias e acampamentos já foram expulsos sob o pretexto de combate ao COVID-19 e indivíduos de etnia rhomá têm sido ameaçados e perseguidos, inclusive por autoridades estatais.

Em tempos de doença, incertezas e medo, poucas coisas são piores que a desinformação. Por este motivo, o CONSEPIR e a UCB estão realmente de parabéns pela belíssima iniciativa. Nós, aqui na Romani Dromá, sabemos bem o quanto informar corretamente é uma das estratégias mais eficientes no combate ao preconceito.

Cigano é minoria racial; é povo, é etnia, não religião, e tem vastíssima história e rica cultura. Ao entrar na Europa, por volta dos séculos XIII e XIV, dividiram-se em três grandes grupos de acordo com as ondas migratórias ― Rom, Sinti e Calon. Estes grupos, por sua vez, desenvolveram costumes e características próprias, com uma miríade de variações culturais e linguísticas. Cada um dos três grupos, por sua vez, subdividiu-se em grupos menores. Os Rom classificaram-se em clãs designados por profissões específicas ― kalderash (paneleiros), lovara (criadores de cavalos), ursari (domadores de ursos) e assim por diante. Já os Sinti e os Calon subdividiram-se não por profissões, mas por regiões de procedência ou “nacionalidades” ― Estraxarja (austríacos), Gáchkane (alemães), Catalão, Andaluz etc.

No Brasil, os Calon foram os primeiros a chegar, em sua maioria como comerciantes ou degredados de Portugal, ainda no século XVI. Estamos aqui praticamente desde o descobrimento. Merecemos visibilidade e respeito.