***DENÚNCIA*** Ciganos Correm Perigo em Volta Redonda!!!

O relato abaixo me foi enviado pela romie Alessandra Tubbs, de Volta Redonda, município do estado do Rio de Janeiro. Leiam com bastante atenção:

Sexta-feira, dia 10/11, por volta de meio dia, uma funcionária do CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) – Volta Redonda me ligou e me comunicou que tinha recebido ordens do Conselho Tutelar para encaminhar crianças ciganas que estavam em Volta Redonda para a Fundação Beatriz Gama (um local para onde são levadas crianças que são tiradas de suas mães aqui em Volta Redonda). Esta ordem do Conselho Tutelar vinha do Ministério Público de Volta Redonda. O Ministério Público recebeu denúncias de exploração infantil, só porque as calins estavam nas ruas vendendo pano de prato com seus meninos. E a funcionária do CREAS não queria executar o mandato, ela me ligou para eu interceder pelas calins. Neste momento liguei para uma aluna minha que é professora de direito internacional na UFF – campus de Volta Redonda, e ela falou que me ajudaria logo após sua defesa de doutorado, que seria naquele mesmo dia. Entrei, então, em contato com a Rose Winter e com o Ricardo Samel, que me indicou conversar com o calon Marcos Rodrigues. Com a Rose Winter peguei algumas leis e com o calon tive acesso ao grupo inteiro de Taubaté.

“Naquele mesmo dia, 10/11, eu encaminhei todas as leis que asseguram a cultura nômade e o direito dos meninos estarem com suas mães na rua. No dia seguinte, dia 11/11, sábado, encontrei as calins e conversei com elas explicando toda a situação e o que eu poderia fazer. Deixei nas mãos do grupo decidir o que fariam. Esta semana encontrei com eles novamente, e eles continuam em Volta Redonda, porém estão nas ruas sem as crianças, porque estão com medo de alguém levá-las.

“Estou neste embate. Pedi uma reunião com a Rede de Volta Redonda e vou brigar porque qualquer cigano tem o direito de exercer sua cultura onde quiser e sem ninguém se meter.

É gravíssimo o tipo de perseguição, silenciosa, que as comunidades nômades enfrentam por parte dos poderes públicos em praticamente todos os lugares do mundo. Não há, nas comunidades Romani, nômades ou sedentárias, exploração infantil de qualquer tipo. As crianças apenas acompanham suas mães, enquanto estas vão para as ruas trabalhar. Enquanto os pequenos brincam sob os olhares vigilantes dos mais velhos, as mulheres vendem suas coisas e contribuem para formar a renda familiar.

A perseguição criminosa que vem sendo perpetrada pelo MP de Volta Redonda certamente traz constrangimento para a comunidade nômade, que já enfrenta inúmeras dificuldades. Além disso, certamente está trazendo também prejuízo financeiro, pois para que as mulheres não levem mais os filhos com elas para a rua, alguém está precisando ficar para vigiar as crianças, e é uma pessoa a menos trabalhando para garantir o sustento da comunidade.

Como cidadão brasileiro e de ascendência sinti e calon, me sinto indignado com este tipo de coisa. Principalmente porque aqui, na capital do Rio de janeiro, aonde moro, todos os dias vejo crianças e jovens menores de idade em situação de exploração, trabalhando nos sinais e nas ruas da cidade. Se eu vejo isso, os poderes públicos também vêem. Porque todos os dias essas crianças continuam em situação de [legítima] exploração e o MP não faz nada, mas quer tirar os filhos das calins, que estão vivendo de acordo com seus costumes ancestrais e não estão fazendo nada de errado?

Consideramos que esta é uma situação gravíssima e precisamos denunciar o máximo possível. Volta Redonda é um ponto importante de passagem para os nômades, onde param grupos vindos do norte, nordeste e sul do país a caminho de todos estes lugares. É de suma importância que os poderes públicos estejam  preparados para compreender, e, principalmente, respeitar as comunidades nômades em suas demandas específicas.

DEIXEM OS CALON EM PAZ!!!!!

 

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