Do final do século XVIII até o início do século XX, novas migrações rhomá aconteceram massivamente rumo ao oeste. Desta vez, o destino era o Novo Mundo, as Américas.
Cabe aqui um parêntesis, este novo deslocamento intercontinental é geralmente referido, em ciganologia, como Terceira Onda Migratória por aqueles que, como nós, consideram o êxodo da Índia o primeiro movimento da diáspora. No entanto, há quem considere o Aresajipe, a passagem da Ásia para a Europa no início do século XV, como o primeiro grande movimento migratório rhomá. Para estes, a ida dos rhomá para as Américas não constitui a terceira, mas a Segunda Onda Migratória.
Controvérsias acadêmicas a parte, o fato é que este novo movimento deu-se simultaneamente à própria diáspora dos europeus rumo ao “novo” continente. Várias são as razões que podem ser listadas para isso. Em primeiro lugar, o mesmo motivo que guiava imigrantes europeus não-ciganos – a busca por novas oportunidades e melhores condições de vida. Em segundo lugar, o fim da escravidão na Moldávia e na Valáquia, em 1860. A independência da Sérvia, em 1878, também alavancou consideravelmente o volume das imigrações. Por último, mas não menos importante, não se pode ignorar o recrudescimento das perseguições motivadas por origem étnica na Europa Ocidental, principalmente na França e na Alemanha.
De minha parte, ainda acrescentaria outro fator, um tanto poético, mas nem por isso menos verdadeiro – a necessidade íntima do povo rhom de se manter em movimento. Isso faz parte da concepção que temos de liberdade.
Por motivos óbvios, houve uma pausa no movimento migratório para as Américas com o advento da Primeira Guerra Mundial, em 1914. A vinda de rhomá para o Novo Mundo não voltou a ser significativa até 1989, quando teve início a Quarta Onda Migratória – ou Terceira, dependendo de quem faz a análise –, que ainda está em curso.